Representatividade LGBTQIA+ é discutida em TCC de egresso

Publicado em 31 de julho de 2020

Entre maio e julho de 2018, 104 reportagens tratavam da temática LGBTQIA+

“Eu sempre senti falta de uma abordagem mais acurada sobre a comunidade [LGBTQIA+] em alguns veículos de notícias”, conta Ruggere Borges. Em 2018, o então aluno do último semestre de Jornalismo viu no Trabalho de Conclusão de Curso a oportunidade de trazer para a pesquisa acadêmica o que vivia no dia a dia. Foi assim que nasceu o trabalho “LGBTI+ em pauta: a abordagem da temática no portal de notícias G1”. O artigo levantou que, entre maio e julho de 2018, quase 50% das matérias publicadas no portal citavam algum tipo de discriminação sofrida por membros da comunidade.

“A temática LGBTQIA+ tem que ser debatida em todos os ambientes possíveis, principalmente, no Brasil, que ainda é o país que mais mata pessoas dentro dessa sigla”, argumenta.

LGBTI+ em pauta: a abordagem da temática no portal de notícias G1

De acordo com o TCC, cerca de 54% das notícias mapeadas eram relacionadas a transexuais e 29% à palavra-chave “Gay”. Para embasar as análises, o trabalho utilizou também o Manual de Comunicação LGBTI+ da Organização Não-Governamental Aliança Nacional LGBTI. “O artigo considera os conceitos e definições apresentados pelo manual. Ainda houve verificação quanto aos avanços e conquistas da população LGBTI+”, conta Ruggere. Segundo o estudo, apenas 45 das 104 reportagens analisadas ressaltavam essas conquistas.

Representatividade

Ao longo do trabalho, Ruggere aponta ainda como a população LGBTQIA+ tem sido retratada na televisão, lembrando que apenas em 2014 o primeiro beijo entre pessoas do mesmo sexo foi transmitido numa telenovela em rede nacional. “Há certa estereotipagem em alguns casos, como personagens abordados de maneira cômica. Mas esse episódio [do primeiro ‘beijo gay da TV Brasileira’] foi comemorado pela população da sigla”, ressalta.

Desde então, algumas novas conquistas têm sido celebradas, no Brasil e no mundo, em aceitação da comunidade LGBTQIA+, como a remoção da identidade de gênero como transtorno mental pela Organização Mundial da Saúde – que desencadeou a celebração do Dia Mundial do Orgulho LGBTQIA+.

“Não queremos nenhum direito a mais. Queremos sair de casa sem a preocupação ou o medo de algo ruim acontecer porque estamos apenas expressando quem somos. Há muitas coisas que precisam melhorar em como a comunidade é representada na mídia, desde novelas até as notícias on-line, mas já é possível perceber iniciativas que começam um movimento de mudança para que, no fim, todos LGBTIs sejam contemplados e sintam o respeito que todo ser humano merece. A mudança é necessária e não pode parar, pois muitas vidas estão sendo perdidas para a intolerância”, complementa Ruggere.

Por Felipe Caian Dourado

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