Publicado em 8 de junho de 2020
Em meio à onda de desinformação causada por grupos especializados ou amadores em disparos de notícias falsas e boatos de internet é importante estarmos ligados no que é verdade e o que é fake news. Na próxima terça-feira (9/6), é celebrado o Dia Nacional da Imunização, data criada, justamente, para conscientizar a população sobre a importância e os benefícios da imunização para a qualidade de vida das pessoas e, principalmente, para tempos como o de agora, de pandemia mundial.
Mas… O que é imunização? O professor de Saúde Coletiva do Centro Universitário IESB, Marcondes Mendes, falou sobre a importância de se informar a respeito. Confira:
Basicamente, é o processo de criar imunidade seja em indivíduos ou grupos sociais. A imunização é uma das principais etapas na erradicação de doenças infecto-contagiosas nos seres humanos. Então nós temos as vacinas, que são uma ferramenta de imunização mais ativa, e os soros antiofídicos, que agem de forma passiva no organismo.
Vamos primeiro falar sobre as vacinas. Elas são usadas como um contato primário com aquele antígeno ou microorganismo, e a partir desse contato, feito de forma atenuada, o organismo se prepara, ou seja, cria anticorpos, a fim de já ter uma defesa prévia quando houver o segundo contato, de forma mais agressiva. Ou seja, o organismo do paciente é apenas estimulado, mas é ele quem produz o anticorpo.
Já no caso do soro antiofídico, o agente de saúde aplica uma dose de anticorpos, ativos ou não, no paciente, para combater aquele antígeno. Por isso chamamos de passivo, porque o organismo do paciente não produz o anticorpo.
Não. Na verdade, outra maneira de adquirirmos imunização é através do aleitamento materno. As mães produzem alguns anticorpos que estão ali, presentes no leite, e que são transferidos para a criança. Além de todos os benefícios que já sabemos do aleitamento materno, esse também deve ser mencionado e muita gente não sabe.
Esse movimento é muito antigo. No Brasil, vem desde 1904, pelo menos. Nesse ano, houve no Brasil o que os historiadores chamam de Revolta da Vacina. Naquela época, o modelo de saúde brasileiro obrigava a população a ser vacinada. Era um modelo opressor mesmo. Os agentes de saúde pública iam armados fazer as campanhas de vacinação, pois havia diversos surtos de doenças no país, [principalmente de Febre Amarela e Doença de Chagas]. Criou-se essa revolta, a partir disso.
Existem muitos mitos por trás do movimento anti-vacina. Por exemplo, dizem que é uma espécie de controle populacional, pois existem riscos de manuseá-la [vacina], existem componentes que podem ser danosos.
Um dos motivos pelos quais as agências reguladoras de saúde mundiais recomendam que o processo de vacinação comece apenas depois do aleitamento materno é relacionado com esses riscos. Quando produzem as vacinas, os laboratórios precisam fazer com que elas estejam controladas de forma que os antígenos não estejam completamente ativos. Por isso, utilizam de conservantes e substâncias químicas para permitir essa condição. Isso pode acarretar em efeitos colaterais. E se uma pessoa for alérgica, por exemplo, a alguma dessas substâncias, precisamos ter controle sobre isso. Existem vacinas que são para o mesmo fim, mas para pessoas com condições de saúde específicas. Isso, muitas vezes, é omitido por esses grupos que disparam fake news.
Esse trabalho de desinformação é feito em grande parte por meio das mídias sociais. As pessoas recebem às vezes informações isoladas e isso se propaga de forma rápida.
Os agentes de saúde rotineiramente, preparam palestras para as gestantes ao longo dos três trimestres de gravidez, acompanhando e acolhendo as famílias, a respeito da conscientização sobre a vacinação e a imunização, alertando sobre sua importância dentro da saúde pública e, claro, individual dos bebês.
Algumas vacinas são feitas somente após a criança fazer a introdução alimentar, justamente, por já ter desenvolvido ou não algum processo alérgico. Todo efeito adverso que pode vir a ocorrer é acompanhado e monitorado pelos Sistemas de Informação e Vigilância Epidemiológica pelo SUS.
Por Felipe Caian Dourado