Engenharia incorpora novas tecnologias sustentáveis em edifícios

Publicado em 11 de junho de 2018

Pesquisa de estudantes do curso de Engenharia Civil do IESB avaliou os benefícios de coberturas verdes com foco no reaproveitamento de água pluvial

O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado anualmente no dia 5 de junho, tem por objetivo promover ações de preservação e proteção ao meio ambiente. Em sintonia com a semana de conscientização, selecionamos o trabalho de duas acadêmicas de Engenharia Civil do IESB, Tatiane Mendes da Silva e Maria Gabriella de Oliveira, que dialogam com a proposta de uma tecnologia sustentável para drenagem de água da chuva com o uso de “coberturas verdes”. A estrutura funciona como um gestor de águas, que armazena chuva em suas camadas para reutilizá-la para fins não potáveis, reduzindo significantemente problemas com enchentes.

O trabalho das acadêmicas analisou a eficiência das coberturas verdes em quatro edifícios construídos em Brasília e encontraram diversos benefícios para os proprietários, para a comunidade e para o meio ambiente, como ampliação do tempo de vida da cobertura, redução do consumo de ar condicionado, redução de barulho, inversão térmica e da demanda de energia, além da prevenção do refluxo de drenagem, do impacto do dióxido de carbono, fortalecendo a biodiversidade de pássaros e insetos.

A aluna Maria Gabriella de Oliveira contou que elas já buscavam um projeto no campo da sustentabilidade e que a professora orientadora, Roberta Maria Costa e Lima, já tinha uma grande experiência na área. Elas então desenvolveram essa proposta pensando em Brasília e em uma maneira de minimizar o impacto de construções por meio de métodos sustentáveis. Tatiana Mendes da Silva frisou que a construção civil é uma das áreas que mais consomem recursos naturais e que mais geram resíduos, e por isso ações de preservação são indispensáveis.

“A utilização do telhado verde vêm crescendo consideravelmente no Brasil e proporcionando vários benefícios, não somente para o proprietário da edificação, mas para a comunidade e, principalmente, ao meio ambiente. Acho que sua utilização irá crescer muito e espero que mais profissionais da construção civil adotem e estimulem a utilização do telhado verde,principalmente nos centros urbanos”, declarou.

Um dos principais benefícios apontados é o aproveitamento da água da chuva. Com o sistema do telhado verde, a coleta se dá por meio de calhas e condutores, onde é filtrada por camadas de substrato, areia e brita, e direcionada a um reservatório de acumulação. Os telhados verdes são inovadores, conectam o urbano com o natural e também trazem mais conforto visual para a estrutura. O fortalecimento do ecossistema também é garantido, pois a estrutura serve de habitat para espécies de pássaros e insetos, principalmente se a vegetação inserida na cobertura for de plantas nativas da região.

Eles também são positivos em custo benefício. Apesar de ter um custo maior do que uma cobertura tradicional, o retorno do investimento vem em pouco tempo: aproveitamento de água, durabilidade, redução de custos operacionais do edifício, agregação de valor de mercado ao imóvel, além do apelo estético da composição natural do ambiente.

O trabalho também traz o levantamento da implantação das coberturas verdes no Brasil, revelando que ela vem crescendo consideravelmente. O primeiro projeto de telhado verde foi construído entre 1937 e 1945 no Rio de Janeiro, projetado pelo paisagista brasileiro Roberto Burle Marx e considerado um marco modernista.

A professora Roberta, engenheira florestal de formação, pontuou que o telhado verde não é uma novidade, mas algo que vem sendo desenvolvido há anos e, além do apelo estético, ele é de grande importância na questão do reaproveitamento de águas pluviais, diminuindo o desperdício e inibindo alagamentos – principalmente em Brasília.

“Nos últimos anos, em função dos problemas de adensamento da população, as cidades ficaram com poucas áreas permeáveis, e para melhorar o microclima começou o uso de telhados verdes”, contou. Roberta já trabalhou com os telhados em projetos de paisagismo e contou que além dos edifícios analisados nos trabalhos de suas alunas, existem muitas casas em Brasília que fazem o uso do telhado. Questionada se a sustentabilidade será uma tendência na construção civil, Roberta afirmou a importância da engenharia e da arquitetura se adequarem às demandas da sociedade. “Para continuarmos existindo e morando nas cidades, precisamos melhorar o clima dessas cidades (…) e a inserção de áreas verdes melhora o clima, e a estética: existem estudos que mostram que pessoas que moram em cidades arborizadas, com mais proximidade de áreas verdes, têm menos chance de ter depressão comparado com quem mora em grandes centros urbanos”.

Existem vários projetos de Lei que determinam a obrigatoriedade da aplicação dos telhados. A Lei Municipal (18.112/2015) de Pernambuco, Recife, é um dos exemplos trazidos pelas acadêmicas, favoráveis a utilização das áreas verdes como coberturas. O prédio da prefeitura Municipal de São Paulo abriga um extenso telhado verde, com árvores de grande porte e até mesmo um pequeno lago. No Canadá, por exemplo, a Lei de Telhados Verdes determina que construções acima de 200m² tenham telhado verde.

Os empreendimentos analisados foram Instituto Federal de Brasília, Green Towers Brasília, Centro Empresarial CNC, na foto, e o Centro Corporativo Portinari, todos na Asa Norte.

 

Bruna Pedroso

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